quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

A filosofia da pedra


Olhamos para esse objecto e pensamos, não passa de uma simples pedra. Os nossos antepassados ainda conseguiram ir mais além, aonde hoje já não se vai para estudar o que significa uma pedra, e a utilização que lhe deram. Na construção , na caça, no fogo, na guerra, uma (ou muitas) pedras valeram-nos a sobrevivência. E aqui se nota o valor da evolução que teve para nós ao chegar aos dias de hoje, estudar a utilização que uma pedra pode significar, eis que ninguém se lembra de filosofar sobre elas, significativo de que nenhuma importância lhes damos.

Pensamos, que só nos servem para dificultar no caminho, bem que se fazem maravilhas com elas, que tão nobres calceteiros, são capazes de fazer o trabalho que muitos pisamos.

Uma pedra tem o movimento que lhe damos, impulsionamos a isto, então que de um ser inanimado, parará no mesmo sitio, poderão correr o mundo pela nossa força, serão elas que também transformam a diferença de toda a natureza.

Mas o que disto nos vem à memória, pedras valiosas, ou aquilo que ainda não vimos mas que por anseio tanto desejamos, será de alguma forma existente,, que exista uma pedra filosofal? Não passa daquilo que criamos (por enquanto). Mas e as simples, as simples pedras, que valor alguma tem para nós, se não tem para vocês, proponho que façam dela um pisa-papéis e verão se, não terá alguma utilidade, e que por certo se sentarem em frente dela, vos levará a pensar o que significam as pedras para nós.

Estamos assim a criar a nossa filosofia sobre o seu valor.

Coleccionadores de pedras, que vêem nelas as suas diferenças, assim vêem o valor que demonstram as pedras, num mundo, aonde são ignoradas. Porquê? Talvez porque não lhe vejamos a importância, que até podem ter ao que lhes queiramos dar.

Recordando António Gedeão, esta brilhante música, transporta-me para o que pode significar aquilo que procuramos nelas e transformem a nossa vida, dando-se assim pelo titulo da musica uma pedra que nos rejuvenesça:


Eles não sabem que o sonho
É uma constante da vida
Tão concreta e definida
Como outra coisa qualquer
Como esta pedra cinzenta
Em que me sento e descanso
Como este ribeiro manso
Em serenos sobressaltos
Como estes pinheiros altos
Que em verde e oiro se agitam
Como estas aves que gritam
Em bebedeiras de azul
Eles não sabem que sonho
É vinho, é espuma, é fermento
Bichinho alacre e sedento
De focinho pontiagudo
Em perpétuo movimento
Eles não sabem que o sonho
É tela, é cor, é pincel
Base, fuste ou capitel
Arco em ogiva, vitral,
Pináculo de catedral,
Contraponto, sinfonia,
Máscara grega, magia,
Que é retorta de alquimista
Mapa do mundo distante
Rosa dos ventos, infante
Caravela quinhentista
Que é cabo da boa-esperança
Ouro, canela, marfim
Florete de espadachim
Bastidor, passo de dança
Columbina e arlequim
Passarola voadora
Pára-raios, locomotiva
Barco de proa festiva
Alto-forno, geradora
Cisão do átomo, radar
Ultra-som, televisão
Desembarque em foguetão
Na superfície lunar
Eles não sabem nem sonham
Que o sonho comanda a vida
E que sempre que o homem sonha
O mundo pula e avança
Como bola colorida
Entre as mãos duma criança


Ou que tão bem Fernando Pessoa exprime e sintetiza na sua poesia, (não fossem as pedras):


Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes,
Mas não esqueço de que minha vida
É a maior empresa do mundo…
E que posso evitar que ela vá à falência.
Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver
Apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise.
Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e
Se tornar um autor da própria história…
É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar
Um oásis no recôndito da sua alma…
É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida.
Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos.
É saber falar de si mesmo.
É ter coragem para ouvir um “Não”!!!
É ter segurança para receber uma crítica,
Mesmo que injusta…


Pedras no caminho?
Guardo todas, um dia vou construir um castelo…

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