sábado, 26 de maio de 2012

Diálogos



 

Vende-se essa tristeza
Que vem como a tempestade,
que lava a porcaria do chão.
Solicita-se a franqueza
De quem por solidariedade
Queira tomar essa sensação...

Ser-se triste
Não é de gente
Mas porque existe?
Isto que se sente

Alegra-te ó Rapaz
E procura as razões
Que a vida te traz
Não se vive para lamentações

É-se fácil falar
De quem isso me diz
Que faça o que já fiz
Que não desisto de tentar

O que deves tentar
Sem preocupar
É viver
E tudo vais entender

Bela receita que tens
E isso, resulta?
É que dar cinco Vinténs
De consulta...

Resulta sim
Que muito estudei
Vai por mim
Só por isso bem sei

Não sei se atrevo!
Ser teu servo
Experimenta tu mas é
A dor que é

Não sejas trágico
Tudo se resolve
Isso é básico
Que a dor logo se dissolve

Se se dissolve
E é com a chuva
Até água fica turva
Até excrementos me devolve...

Eu purifico-te essa água
Que te escorre
Vai-se logo a mágoa
Que não mais há lágrima que jorre

Diz-me! Deus existe?
Porque nada mais triste
É tentar acreditar
Que disso me vai salvar

Não percas a esperança
Que Ele afiança
Que consegues
Aquilo que persegues

Ai sim? Que Ele me venha falar
Que já estou cansado
De tanto esperar
Que ainda vou morto deitado

Não anseies tanto
Há tanto para viver
E se te apetecer
Ri-te até não poder

Estou cansado desta conversa
Vai-me caber a despesa
Que não escapo à certeza
Que com isto farás riqueza

Aconselho-te vai por mim
Quero o teu bem
Não deves ficar assim
Que mal esse ninguém tem

Deixai-me rir
Para não chorar
Se não querem assumir
O triste que a vida pode dar...

Precisas te tratar!
Ninguém pensa assim
Não vás chegar
Em perder o chinfrim

Oh! Oh! Isso já se foi
E não há ferramenta
Que aguenta
Esta cabeça de boi

Não sei o que te faço
Talvez o melhor jeito
Seja partires o baço
E põem gesso e está feito

Pois é, para isso há solução!
Mas que quem vive com confusões
Nunca terá à mão
De ver, essas milagrosas opções

Tu és pessimista, porra!
Ai, que eu perco a pachorra
De aturar
E a paciência há-de acabar

Tem lá calma
Que agora zelo por ti
Não te doi'alma
Como eu senti

Não te preocupes...
Sou forte!
Não me calha em sorte
Arrepios nas cruzes

Também eu julgava,
que fosse um protegido.
Quando dei por mim já estava
Nem sei bem, aonde estava metido


Nuno Lopes

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