terça-feira, 24 de agosto de 2010

Suportando o mar


Seremos nós construtores de sonhos, do nosso abrigo, sentamo-nos numa praia e assim nos deleitamos em construir os nossos castelos, castelos de areia que demonstram aquilo que desejamos projectar na nossa vida. Assim nos envolvemos em projectar tudo o que dá forma aos nossos projectos, a cada grão que compõe seria a um dos nossos muitos aspectos que compõem a nossa vida, assim que bem compostos construímos as nossas muralhas, aquilo que nos salvaguardará aos infortúnios que por vezes nos deparamos. E assim estão elas aqui para proteger de tudo o que nos quer deitar abaixo.

O mar, o medo, esse nosso medo que receamos chegar-se ao que projectamos construir, que a cada subida de maré, com a revolta das suas ondas, avance nessa direcção, rumo ao que projectamos na nossa vida assim no descuido de uma onda nos apague todos os nossos sonhos, aquilo que construímos transforme o nosso castelo de areia num areal que tão próprio já existia antes de colocarmos as nossas mãos, no trabalho e dedicação do que desejamos ver na nossa paisagem construimos e faz-nos apreciar a nossa obra. Uma pequena obra de arte, tudo o que fazemos é sempre isso. Somos obreiros do que fazemos na vida.

Muitas das vezes a natureza é uma força maior que o ser humano não consegue controlar, vamos impondo o nosso esforço por a cada grão façamos a nossas figuras que transmitam aquilo que do ser humano é capaz de demonstrar fazer, mas, tudo por muitas vezes retorna ao estado inicial, de um areal nivelado, que tentamos compor com a força humana em deixar a nossa marca, mas a natureza tudo limpa.

Assim é que por mais que façamos e construamos no nosso mundo, na nossa vida, tudo é limpo.

Tudo será esquecido. A natureza, a nossa faz deixarmos, a nossa obra e tudo voltará ao seu estado inicial para que quem mais venha deixe as suas e nunca nada restará, só tudo o que resta na nossa memória e a imagem que criamos, mas isso tudo irá um dia por certo.

Assim que o que o homem traz a natureza desfaz, é assim a vida, arranjamos sempre algo que nos dediquemos a preenchermo-nos dar a nossa utilidade a ela.

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